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Arquitetos: M3Arquitectura, PARTICULAR
- Área: 400 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Nicolás Saieh Larronde
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Fabricantes: Bemas, European Windows, Leaf Panel, MK, SIEN, Sikkens
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Q21 está localizada no condomínio privado Los Quillayes, na cidade de Santiago do Chile, em um terreno de 23x30 metros com uma leve inclinação para o sul, a uma altitude de 915 metros acima do nível do mar. O projeto consiste em uma residência de três níveis, projetada com linhas limpas e geométricas que ressaltam sua simplicidade e elegância.
Com uma área de 400 m2, a construção baseia-se principalmente em elementos concreto aparente marcado por tábuas de 5", realçando sua textura e tonalidade natural. A envoltória de concreto contrasta com os outros materiais utilizados, como a pele dobrada de aço corten na entrada da residência, as esquadrias de aço preto e seu brise de madeira na fachada principal.
O primeiro nível abriga os espaços comuns da residência e seus serviços. Trata-se de uma planta retangular de 7x23 metros que ocupa toda a largura do lote, servindo como um limite entre as áreas privadas da residência e o espaço público do condomínio. Para isso, foi essencial minimizar a exposição visual. Nesse sentido, foi projetada uma parede de concreto de 2,2 metros de altura, paralela as janelas, que protege do exterior sem restringir as vistas do interior graças à diferença de altura.
Outro aspecto importante foi propor uma planta de pouca profundidade. Para isso, a construção está inscrita em 1/4 da profundidade do lote, com a finalidade de liberar o terreno para usos exteriores como estacionamentos, terraços, piscina e jardins. Uma vez resolvida a configuração e a localização do primeiro nível, o próximo passo foi abordar a orientação do terreno, que contrastava completamente com a impressionante vista disponível: uma imagem panorâmica desobstruída para o sul que abrange o vale de Santiago com a majestosa Cordilheira dos Andes como pano de fundo.
Com o objetivo de integrar a vista como um elemento essencial da residência, decidiu-se que o centro do projeto seria precisamente responsável por incorporar as vistas para o sul. No entanto, essa abordagem enfrentava o desafio de não comprometer a privacidade por conta da proximidade com a rua. Para isso, foi concebido um espaço comum destinado à circulação vertical, que abriga uma escada de concreto conectada com o subsolo e uma escada de aço que leva ao segundo nível.
Ambas estão adossadas a um muro de concreto aparente de duas alturas e seus degraus revestidos em madeira de carvalho, servindo como elemento unificador. Este espaço começa no subsolo, onde encontra um pátio de luz que acompanha a sala de jogos destinada aos filhos, e é flanqueado por uma grande janela estruturada em aço que abrange os três níveis. Por fora, foi projetado um brise horizontal de madeira e foram dispostos três bambus gigantes no pátio de luz que, em conjunto, proporcionam maior privacidade.
Ao chegar ao segundo nível, nos deparamos com um amplo estar aberto que se conecta visualmente com a circulação vertical. Dessa maneira, o espaço de reunião desfruta de uma dupla orientação: por um lado, a entrada de luz natural proveniente do norte, e por outro, uma vista desobstruída para a cordilheira ao sul. Este recinto tem a função de separar os dormitórios secundários e o dormitório principal. Para este último, a priorização da vista também se refletiu em sua localização dentro do projeto, a qual desafia a lógica convencional de insolação e privacidade ao estar situado na orientação sudoeste e de frente para a rua.
Para abordar essa particularidade, foi projetado um telhado inclinado que conta com uma abertura superior, permitindo assim a entrada de luz durante grande parte do dia. Além disso, foi projetado um terraço exterior parcialmente fechado que bloqueia a vista da rua para o dormitório. Dessa forma, o projeto consegue um equilíbrio entre a iluminação natural e o enquadramento da vista privilegiada para a cordilheira. O design de interiores segue a mesma linha moderna e minimalista, seus espaços são abertos e fluidos.
O uso de portas deslizantes conecta os espaços comuns que são complementados com grandes janelas, permitindo integrar os exteriores. Com uma distribuição funcional que possibilita uma interação harmoniosa entre as diferentes áreas, e o uso de materiais no interior como o concreto e a madeira, além dos acabamentos da fachada, cria-se uma continuidade visual e estética em toda a residência.